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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Qual é a ciência por trás das tatuagens?


Cada vez mais comuns na nossa sociedade, as tatuagens vêm ganhando notável apreciação entre as pessoas, especialmente entre os mais jovens. Antes associadas a certos grupos marginalizados e tribos urbanas, hoje todas as classes sociais, independente da profissão ou poder aquisitivo, estão abraçando essa arte cutânea. A história do uso da tatuagem como modificador corporal é muito antiga, e possui milênios de idade, assumindo importâncias diversas com o passar do tempo. Mas o que pouca gente questiona é a ciência por trás das tatuagens. Como o processo de pintura cutânea funciona? Existem riscos além dos associados à esterilização dos equipamentos? Como ocorre sua retirada da pele?
s tatuagens, diferente do que é aparentado, não está localizada na superfície da pele (epiderme) e, sim, na camada inferior a ela, a derme. Claro, caso contrário, a constante renovação da epiderme (descamação da pele) rapidamente retiraria a pintura com o tempo (esse é o processo das tatuagens temporárias). Por mais estranho que isso seja, você está vendo a tatuagem por trás da primeira camada da pele . Para injetar o pigmento na derme, agulhas são usadas, as quais vão perfurando a epiderme, chegam na derme e liberam um pingo de tinta a cada aplicação. Desde o começo do século 19, o método profissional preferido de se aplicar essas injeções é através de uma máquina que injeta dezenas de injeções por minuto, sendo o método universal até hoje. A tinta utilizada pode ser representada por estruturas de pigmentação diversas, onde o pré-requisito é que sejam inócuas ao corpo, estáveis e insolúveis.
Quando a pele é perfurada e um agente estranho ao corpo é inserido (no caso, a tinta), células chamadas fibroblastos começam a se proliferar e o sistema imune vem correndo atacar os invasores, e acabam englobando os pigmentos coloridos, meio que prendendo eles na derme. Ao mesmo tempo, os fibroblastos vão produzindo colágeno para iniciar o processo de reconstrução da epiderme. Depois da cicatrização, a epiderme se fecha novamente, as células de defesa se dispersam, e o pigmento colorido fica lá, bonitinho preso entre as células da derme, encapsulados em restos de glóbulos brancos e fibroblastos, tudo protegido com o teto da epiderme (3). Como o tecido da derme é inúmeras vezes mais estável do que o da epiderme, este o qual sofre descamações diárias, a pintura fica ali preservada por um bom tempo. Por isso esfregar e danificar a superfície da pele (dependendo da extensão do dano) não irão remover a tatuagem. Porém, depois de muito tempo (décadas) os pigmentos da pintura tendem a ir penetrando mais profundamente na derme, apagando aos poucos a tatuagem.
Um estudo publicado recentemente na Journal of Experimental Medicine (Ref.11) trouxe mais um mecanismo biológico que pode ajudar a explicar o porquê das tintas de tatuagens serem tão resistentes e permanentes na pele. Os pesquisadores descobriram - em experimentos conduzidos em ratos - que células imunológicas chamadas de macrófagos - os quais fisicamente englobam e isolam corpos estranhos como bactérias e vírus como parte do sistema de defesa do organismo - consomem gotas de tinta das tatuagens. Quando um macrófago cheio de tinta morre, essa tinta é liberada e englobada por outro macrófago, criando um contínuo ciclo de proteção da tinta constituinte da tatuagem. A descoberta, aliás, pode ser útil no desenvolvimento de melhores métodos para remover tatuagens não mais desejadas.
HIGIENE
Por ser algo tão comum, especialmente nos dias de hoje, as pessoas acham que tatuar é como cortar o cabelo, algo totalmente inofensivo. Apesar de serem muito poucos os casos de complicação, eles existem, e podem ser agrupados em dois principais. O primeiro problema, como todos devem saber, vem do uso de equipamentos não esterilizados. É de extrema importância, antes de fazer uma tatuagem, procurar profissionais de qualidade, os quais seguirão todos os procedimentos padrão de higienização. A máquina de injeções precisa ser completamente esterilizada após o uso e as agulhas devem ser únicas para cada cliente. Isso evita DSTs e outras doenças transmitidas pela via sanguínea. De qualquer forma, atualmente, esse problema é muito raro, e só possui potencial risco de ocorrer em práticas amadoras de tatuagem, como aquelas feitas em prisão, onde a tinta utilizada não é certificada (podendo conter contaminantes diversos, como o mercúrio ou bactérias) e as agulhas tendem a não ser descartáveis.

ALERGIAS
O segundo, este menos associado pelas pessoas, são as possíveis reações alérgicas com a tinta utilizada e/ou contaminação da mesma com micróbios. A alergia pode ser tanto por causa da estrutura química da tinta em si, como por contaminantes/ingredientes anexados a ela originados do seu processo de produção laboratorial/industrial (metais pesados, por exemplo). Certos pigmentos de cores costumam causar mais destas alergias e outras reações indesejáveis, como os roxos, rosas, laranjas e, especialmente, os vermelhos. E essas reações podem ser dividas em duas partes: instantâneas ou atrasadas.
As instantâneas geram uma reação alérgica forte na mesma hora em que as primeiras gotas de tinta foram aplicadas, sendo mais fáceis de danos maiores serem prevenidos. Já as ´atrasadas´, geram efeitos alérgicos posteriores, sendo necessário intervenções cirúrgicas rápidas de degradação/eliminação da tinta aliado a um tratamento com medicamentos  (essas podem ser bem problemáticas). Mais uma vez, esses efeitos colaterais também são muito raros, sendo que as tintas para tatuagem profissional são conhecidas, historicamente, por serem bastante inofensivas ao corpo (a tinta em si, não contaminantes extras).
Outro risco comum seria a existência de micróbios, como bactérias, contaminando a tinta, seja devido à adição de água contaminada para sua produção, seja por mal manejamento e armazenamento. Como é difícil notar contaminações desse tipo na tinta, é sempre recomendado que se verifique a procedência da mesma, exigindo um comprovante oficial de fiscalização do produto. Lembre-se que a tinta ficará dentro da sua pele e infecções graves podem resultar de contaminantes ali presentes

REMOÇÃO
Para concluir, é válido falar sobre a preocupação de muita gente: é possível retirá-las? Bem, sim, mas o processo é muito mais doloroso e muito mais caro do que a feitura da tatuagem, e nem sempre elas podem ser removidas completamente. Durante a história, diversas técnicas já foram usadas, como esfoliação e abrasão, sendo bem inefetivas na maior parte dos casos, além de produzirem diversos danos colaterais indesejáveis. Hoje, a técnica é muito mais precisa, efetiva e segura, e usa a tecnologia dos lasers de alta energia chamados Q-switched.
Resumidamente, o laser atravessa a pele e é absorvido pelos pigmentos de cores, os quais são, então, degradados em pedaços menores com a alta energia absorvida. Como os pigmentos de cores usados para as tatuagens são estruturas bem grandes, o corpo não consegue eliminá-los por processos naturais do corpo, sendo possível apenas quando os mesmos são despedaçados (5). Para não causarem danos à pele, os lasers agem sob pulsos muitos rápidos, para que a dissipação de calor não seja grande, impedindo queimaduras severas. Por isso também a cor da tatuagem influencia na hora de ser retirada, porque um pigmento que absorve o laser de um determinado comprimento de onda, não absorverá outro tão bem, sendo necessário que diferentes cores de laser sejam utilizadas (por exemplo, o laser vermelho é usado para pigmentos verdes) para que um pulso rápido entregue para os mesmos o máximo de energia possível. Além disso, a profundidade na derme onde se encontra o pigmento é de extrema importância para o sucesso da sua degradação. Pigmentos pretos costumam ficar mais na superfície da derme enquanto as outras cores costumam ficar em regiões mais profundas, dificultando o alcance do laser. Por isso tatuagens pretas costumam ser bem mais fáceis de serem retiradas do que as coloridas. A profundidade também dependerá da técnica do tatuador.
Além da forte dor, a limpeza por laser pode trazer problemas menos comuns, como hiperpigmentação, destruição dos pigmentos da pele, paradoxo do escurecimento, reações alérgicas e queimaduras. 
Na hiperpigmentação, a pele é induzida a produzir maior quantidade de melanina após o procedimento, algo que, geralmente, passa com o tempo;
O laser pode destruir, temporariamente ou não, a capacidade de produção de melanina nas áreas atingidas. Dependendo da cor da pele, a cicatriz de despigmentação pode ficar bem aparente;
No Paradoxo do Escurecimento, certos pigmentos de cores na tatuagem, antes coloridos, podem dar origem a pigmentos mais escuros depois de terem sua estrutura química modificada com a ação energética do laser;
Às vezes, durante a aplicação do laser, o pigmento pode acabar escapando da sua matriz na derme por causa da expansão térmica e iniciar uma reação alérgica no corpo;
Muito, mas muito incomum, existe o risco de queimaduras significativas em certos tipos de pele.
Hoje, além do laser, outros métodos têm sido desenvolvidos, como a aplicação de solventes por baixo da pele para a retirada dos pigmentos, mas esses mostram-se ainda bem menos eficazes. Concluindo, mesmo com a crescente popularidade das tatuagens, é preciso pensar bem antes de fazê-las, para não ocorrerem arrependimentos futuros. E sempre procure profissionais competentes, seja para tatuar, seja para apagar. E nunca procure fazer, por conta própria, nenhum dos dois procedimentos.
Esse é o motivo da pele negra ser tão difícil de ser tatuada com qualidade, já que a epiderme por cima da tatuagem estará cheia de melanina (pigmento escuro e natural da pele) tampando a as cores dos desenhos. Estratégias diferenciadas de pintura devem ser aplicadas pelo tatuador para o resultado sair o melhor possível. Por isso é sempre bom procurar profissionais bem experientes dependendo da complexidade da tatuagem e das características físicas da sua pele.
Diferente do que muitos pensam, as tintas de tatuagem não costumam ser feitas de material orgânico e, sim, estruturas minerais (pequenas partículas) compostas por óxidos de metais. Caso contrário, elas seriam facilmente absorvidas ou degradadas por processos bioquímicos diversos. Os fabricantes de tintas não são obrigados a revelarem a composição das mesmas, como forma de proteção comercial, sendo difícil dizer, com certeza a composição de todos os pigmentos. Isso também levanta a preocupação de agências de saúde, porque muitos metais pesados podem estar presentes nessas tintas em quantidades apreciáveis, podendo impor um risco de longo prazo para as pessoas tatuadas. Apesar disso, são poucos os incidentes registrados na história com intoxicação desse tipo.
Esse é o motivo de ser obrigatório proteger a tatuagem do ambiente externo e tomar bastante cuidado com a área tatuada durante o processo de cicatrização, para permitir a cicatrização total da epiderme (a qual protegerá a derme) e a formação de uma estável matriz de aprisionamento para os pigmentos.
Com as tatuagens temporárias, alguns desses riscos podem também estar relacionados, mesmo a tinta estando na parte superficial da pele. Tradicionalmente, e historicamente, a tinta utilizada era extraída de uma planta tropical, e chamada "hena". A hena é de um vermelho amarronzado e bem inofensiva à pele, sendo que muito dificilmente irá causar reações adversas. Porém, ela dura bem pouco, e para ter a tatuagem por mais tempo sobre a pele e/ou obter tonalidades mais escuras/diversas, começou-se a adicionar outros ingredientes com potencial efeito alérgico. Em específico, muitos utilizam uma substancia conhecida como p-fenilenediamina (PPD, na sigla em inglês), a qual até possui seu uso proibido por poder reagir perigosamente com a pele de algumas pessoas. Portanto, é preciso sempre verificar a tinta sendo utilizada, mesmo se for para uma tatuagem temporária. 
Isso é fácil de entender pelo mecanismo de produção de cores no nosso ambiente. Se um objeto é verde, é porque ele está absorvendo mais na faixa do vermelho de comprimento da onda de luz, sua cor complementar no espectro. Um objeto preto irá absorver todos os comprimento de luz visível, enquanto um branco irá refletir todos. Como a luz é composta por pacotes de energia, o processo de absorção deixa o objeto mais energético e, por isso, superfícies pretas se aquecem mais rapidamente sob o Sol.

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